sexta-feira, 23 de março de 2012

Capitulo 2 A mocinha

Depois de eu ter que concordar com o meu chefe a levar a filha dele de volta a Porto alegre,ele e meu pai foram amigos de infância, e eu era o homem que ele mais confiava naquela empresa devido ao fato de ter me visto crescer. Ela entrou no escritório de vestido rosa, cabelo longo e trançado, segurando com uma mão uma mala velha, e com a outra segurava um livro de capa branca não muito conservado chamado: A menina que roubava livros. Saímos dali e fomos para o caminhão, que já estava com a carga, abri a porta pra ela e entrei logo em seguida, liguei meu caminhão e partimos para Porto alegre.
Enquanto o caminhão se afastava vi pelo retrovisor o meu patrão acenando para ela, poderia jurar que estava chorando, ela abriu o livro e seguimos a viagem em silencio.
Cansado daquele silencio em que eu e ela estávamos acendi um cigarro pra saciar meu vicio! foi então que surpreendentemente ela disse:
-Fumar faz mal a saúde. -respondi surpreso:
-É um prazer conhece-la também, meu nome é Pedro.Sou o Brad Pitt de Alagoas. nesse momento sorri pra ela na esperança de que a desgraçada respondesse mas a unica coisa que fez foi enfiar a cara de novo naquele maldito livro.
Eu posso parecer um cara grosso, e eu sou mesmo, por que naquela hora me segurei pra não arrancar aquele livro dela e jogar pela janela do meu azulão.
Mas alguns minutos depois ela se virou pra mim sorriu e disse que seu nome era Isabella.
Não sorri de volta, sou orgulhoso demais para dar a ela esse prazer, eu agi com indiferença ate aquele jeito quieto dela vir atazanar meus pensamentos foi quando eu disse:
-A senhora então perde seu tempo lendo? - ela respondeu educadamente:
-Bom, não acho que seja perda de tempo, estou prestes a terminar minha faculdade de letras e... -Antes que ela terminasse o q ia dizer perguntei:
-E vai ser professora?
-Não!
Aquele "não" me deixou intrigado, ela falou com certo tom de raiva! mas foda-se minha obrigação é levar a senhorita até Porto alegre e deixar minha carga la pelos lados de São Lourenço do sul.
Eu estava estressado, cansado e com fome, então resolvi parar num motel/bar onde eu conhecia quase todo mundo q trabalhava lá. Lá eu me sentia em casa.
Estacionei o caminhão no lugar onde sempre o colocava, de fato aquele lugar era meu. Só faltava meu nome pintado no chão. abri a porta pra tal da Isabella e disse que iriamos passar a noite la, ela olhou para o lugar, claro que não era la um 5 estrelas, mas pra mim que estava acostumado a ficar a maior parte da minha vida sentado numa poltrona com as mão esticadas num volante, qualquer colchãozinho no chão é 5 estrelas.
Fomos ate o bar do Will, um bar um tanto monstrengo cheio de homens enormes com camisetas pretas em roda da sinuca, bêbados nos cantos onde ficavam algumas das poucas mesas que sobravam das tantas brigas que tinham ali e sem falar da fumaça que cobria o bar inteiro!Will estava no balcão limpando os copos do seu melhor jeito, cuspia e depois passava um pano que conseguia ser mais sujo que sua saliva.
Will era um cara ruivo de cabelo grande e barba de um homem pré histórico, usava sempre uma camisa do uísque Jack Daniel's quando não estava com alguma camiseta de banda de rock, era um homem que lhe faltavam dentes e sobravam sorrisos, de olhos verdes, branco demais para meu gosto, tinha uma voz grossa e uma risada alta e perturbadora. perguntei a ele se tinha um quarto pro seu velho amigão, ele disse sim e perguntou quem era a vadia que estava comigo, infelizmente a vadia ouviu. Will me trouxe uma cerveja, me entregou a chave do quarto enquanto Isabella devorava uns espetinhos de carne que will acabara de fritar.
Quando ela terminou de comer peguei a chave em cima do balcão e mandei ela me seguir.
chegamos no quarto, Isabella olhou assustada e disse:
-Não vou dormir com você, nem te conheço. respondi:
-Também não quero sua companhia, sabe se la se você não é algum tipo de ninfomaníaca. -Ela não rio, percebi que tentar fazer o tipo legal não funcionava com aquela garota magricela e estranha então eu disse:
-Bom o will geralmente dispensa gente que paga e me deixa ficar num quarto, se a senhorita preferir pode ir dormir no caminhão, garanto que vai gostar de toda a confortabilidade que à nele. -disse isso em tom irônico, ela virou-se para mim e pediu desculpas.
Deitamos na cama, bom, ela na cama, e eu coloquei um colchão no chão, ao lado dela, nem um nem outro conseguiu dormir, foi quando ela sussurrou:
-Fala um pouco de você.
-Não tenho o que falar.
-Onde você mora? onde fica sua casa?
-moro no meus pensamentos, a estrada é minha casa
-e a sua família?não tem? -insistiu ela
-Eu escolhi essa vida. Não me arrependo, não volto atrás, sou apenas eu, e meu caminhão.E vai ser sempre assim.
Ela se calou, acho que fui grosso, mas eu realmente não estava afim de ter uma consulta ao psicologo naquele momento, foi quando ela virou pro outro lado e dormiu.Olhei pra ela, e senti muita vontade de transar com ela, ela era bonita, mas também era filha do chefe então o juízo falou mais alto! engraçado, nunca achei que eu tivesse juízo. Aproveitei o silencio e a lua cheia, fui ate a janela, acendi um cigarro, olhei meu velho caminhão azul, que pertencera ao meu pai. depois de pensar bastante, voltei para a cama, afinal a muito tempo não tinha uma noite de sono.

Capitulo 1 O mocinho

"Eu escolhi essa vida. Não me arrependo, não volto atrás, sou apenas eu, e meu caminhão.E vai ser sempre assim.
Andando cansado, com fome, com carga pra entregar e sem tempo para uma pausa. Não tenho casa, minha casa é a estrada, não vai ter chegada, nem abraços cheios de saudades.Vai ser eu e meu caminhão, por que entre tudo que acho que poderia fazer, eu prefiro dirigir, sair anoite tendo como únicas companheiras a saudade e a solidão."

E foi assim,fazendo o que eu mais gosto de fazer que eu a conheci.